olhar sua foto para fora da nuvem dos remédios,
acariciando um gato, o cabelo por sobre os óculos;
olhar sua foto para além das tardes nos pisos frios,
da esperança de um café, das celas dos suicidas.
lembrar da filosofia alemã que escorre pelo teu braço,
e que num dia qualquer
a ouvi dizer “você vai
perceber que está tão errado em me querer”...
mas saiba que com isso você contraria o alemão de
que tanto gosta, pois esquece que somos maiores que a vida.
somos fortes o suficiente pra encarar os pulsos abertos,
as drogas controladas no armário do banheiro.
somos fortes pra dizer “sim” a vida, com a mesma avidez
que digo “sim” a visão absoluta dos seus peitos.
somos fortes como eu tenho de ser ao encarar esse dia
feito em escombros por descobrir, através de uma fotografia,
que longe daqui você ainda é capaz de existir sorrindo.